(Des)informação, a Geração Selfie e o (des)Emprego

Ninguém duvida das vantagens que as tecnologias de informação têm proporcionado a todos. Aceder em tempo real a informações sobre quase tudo o que existe no mundo e poder estabelecer contacto direto com as fontes de informação representa uma poderosa mudança de paradigma na sociedade humana.

No entanto, tanta tecnologia nas mãos também nos coloca violentamente em contacto com uma quantidade absurda de informação, jogos, aplicativos, pessoas, redes sociais… e essa “hiperconectividade” leva à distração e à preguiça mental.

São muitos os benefícios e oportunidades, a questão é saber equilibrar e usar o tempo nos meios virtuais com responsabilidade e rigor.

É através da vasta quantidade de pequenos ecrãs que mostramos ao mundo onde estamos, quem somos e o que fazemos de uma forma quase abominável

A moda dos autorretratos, conhecida mundialmente por selfie, está a criar controvérsia na opinião pública e no mercado de trabalho. Selfie, palavra já́ pertencente ao idioma Inglês pelo dicionário Oxford, significa registar a própria presença num determinado local e momento. Todavia, talvez não seja inapropriado refletir sobre este fenómeno.

Porque tiramos  selfies ?

Em frente ao espelho, antes de sair de casa para prontamente publicar nas redes sociais? Será tudo isto uma competição de egos com o objectivo diário de manter um perfil virtual ostentoso, procurando “likes”, reconhecimento ou, acima de tudo, atenção?

Passamos os momentos para os mostrar ou para vivê-los?

 As redes sociais, além de facilitarem a imperiosa “competição” de momentos, funcionam como um trampolim para a baixa autoestima e um complexo de inferioridade. É muito fácil mostrar algo que, muitas vezes, não corresponde à realidade: diversão constante, festas, viagens, etc, que muitos dos jovens nem têm a possibilidade de concretizar.

 A geração selfie está a deparar-se com o estigma: a incapacidade de desenvolver o seu potencial devido ao vício das redes sociais.

Rachel Lu, partilhou a sua opinião sobre o assunto. Para a professora de Filosofia, “os pais dos jovens desta geração, nascidos durante o boom demográfico do pós-guerra, aconselham os seus filhos a ir atrás dos seus sonhos e a aproveitar as oportunidades de autossuperação em vez de estabelecer raízes”.

O principal objetivo destes novos adultos de hoje em dia é aperfeiçoarem-se, considerando que as responsabilidades em relação aoutras pessoas e/ou entidades farão parte de suas vidas só́ mais tarde.

Segundo um estudo da Adecco, hoje em dia estes jovens têm 3 vezes menos hipótese de serem contratados em relação aos trabalhadores mais experientes e responsáveis.

Responsabilidade e dinamismo são as palavras de ordem para se poderem integrar num mundo tão competitivo. Não se pode passar o dia nas redes sociais, esperando que, por milagre, o emprego apareça, facilmente deixando o peso da culpa em alguém ou numa entidade pelo nosso próprio sedentarismo.

Como em tudo há exceções, mas está na hora de ficar bem na fotografia.