João Antunes – Malásia – Kuala Lumpur

João Antunes – Malásia – Kuala Lumpur

1 – Gostaria de saber a sua idade, naturalidade

Chamo-me João Antunes, tenho 30 anos e sou natural de Leiria

2 – Pode-nos falar um pouco sobre o seu percurso académico e profissional? 

Tirei o curso de Engenharia de Minas no IST. Ainda enquanto estudante estagiei na GALP E&P, tendo sido contratado após terminar o curso.
Foi com a GALP E&P que entrei na indústria Upstream do Petróleo e Gás e que tive a minha primeira experiência de trabalho no estrangeiro. Na altura trabalhei no Brasil por diversos períodos num esquema de rotação.
No início de 2011 abracei um novo desafio ao mudar para uma Consultora Americana, The REACH Group. Esta empresa está especializada na área de Desempenho em Perfuração de Poços de Petróleo e Gás. Após a formação inicial vim parar à Malásia onde continuo, por este ser o reduto do meu cliente inicial/atual.

3 – Dado que emigrou com a sua esposa, conte-nos um pouco sobre o processo de decisão para tomarem esse passo juntos. 

Talvez “processo de decisão” não seja o melhor termo para descrever o que nos trouxe aos dois para a Malásia, uma vez que apenas reagimos a fatores exteriores. Inicialmente, apenas eu vim trabalhar para a Malásia, fruto da localização do cliente e não por escolha própria. As viagens frequentes e o Skype ajudaram a encurtar as saudades e a distância. No entanto, após o projeto Metro Mondego em Coimbra ter sido congelado, obra onde a minha esposa trabalhava, decidimos que faria mais sentido a Joana procurar um novo emprego na Malásia que em Portugal.

4 – Conhecia alguém em Kuala Lumpur que tenha ajudado na sua integração? 

Inicialmente apenas conhecia pessoas ligadas diretamente à minha empresa ou ao meu trabalho. Com a chegada da minha esposa, usando várias redes sociais e com a preciosa ajuda do Consulado Português na Malásia, alargamos o nosso universo de amizades Portuguesas na Malásia.

5 – Estando no outro canto do mundo, no processo de emigração, sentiu alguma vez a pressão de estar
tão longe de casa? 

Para um cidadão da UE o processo de emigração é muito facilitado na Malásia. O visto de trabalho pode ser tratado após a chegada. Não sentimos qualquer pressão.

6 – Para si quais os pontos positivos que a Malásia (Kuala Lumpur) tem enquanto país?

É sem dúvida uma experiência enriquecedora, principalmente pela diferença colossal entre a cultura a que estamos habituados e a vivida aqui. Uma coisa absolutamente banal num dos países pode ser ofensiva no outro. Como por exemplo: cortar as unhas dos pés no escritório… ou, para dar um exemplo contrário: comer bacon…

7 – Foi difícil a adaptação a um novo país, a uma nova forma de estar na vida e no trabalho? 

Não há resposta fácil… Todos somos adversos à mudança, mesmo quando ela se traduz num resultado positivo. Perceber que existirão sempre prós e contras envolvidos é essencial.
Relativamente à integração propriamente dita, não foi difícil. A língua não é um problema. Embora a língua oficial seja o Malaio, a grande maioria da população fala inglês devido à antiga colonização Britânica. A variedade gastronômica é elevadíssima e muito em conta. O clima é tropical e de uma forma geral o pais é seguro.
O único fator menos positivo é mesmo a elevada distância a Portugal. Que é compensada pelosfabulosos destinos paradisíacos a dois passos de Kuala Lumpur.

8 – Com que frequência vem a Portugal e o que lhe faz mais saudades do nosso país? 

Nos dois primeiros anos a viver na Malásia tive a sorte de viajar frequentemente a Portugal, aproximadamente quatro viagens/ano. Penso que não será surpresa para ninguém dizer que, do que mais senti falta foi da família, amigos e da comida portuguesa.

9 – Do ponto de vista de uma pessoa que esta empregada em Kuala Lumpur o que e que o nosso país
tem de errado? 

À primeira vista não há nada a apontar à forma de como se trabalha ou vive em Portugal quando comparado com a Malásia. Neste ponto Portugal apresenta mesmo aspectos mais positivos que a Malásia, como o nível de literacia e o compromisso com o trabalho.
No entanto, é notório que o país tem uma economia que embora seja aberta é relativamente protecionista. Prova disso é a aplicação diferencial de impostos à importação de bens que representem concorrência direta à indústria nacional.
Para terminar, o país é produtor de petróleo, o que estimula qualquer economia.

10 – O que aconselha aos portugueses que vivem em Portugal e encontram-se desempregados?

Não existe fórmula mágica, cada caso é um caso. No entanto, ponderação e preparação são essenciais para qualquer experiência. Como não sou uma pessoa muito aventureira, eu nunca pensaria em emigrar / arriscar sem fazer o “trabalho de casa” primeiro.
Saber em que parte do mundo o nosso currículo é mais valorizado, bem como para que países estamos dispostos a emigrar é muito importante para restringir e agilizar a pesquisa de trabalho.
Para quem se puder dar ao luxo de escolher entre várias propostas, pensar a longo prazo pode ajudar a na decisão. I.e., pensar onde queremos estar profissionalmente daqui a 5 ou 10 anos, pode facilitar muito a escolha do caminho a tomar no curto prazo.