Andreia Almeida – Dublin, Irlanda

O Emprego Pelo Mundo esteve à conversa com a Andreia Almeida, uma jovem portuguesa emigrada na na capital Irlandesa, Dublin. 

E.P.M.: O que fazes em Dublin?

A.A.: Já trabalhei num restaurante, numa loja de roupa e agora, trabalho numa escola de Línguas, na parte administrativa. Não é um trabalho totalmente dentro da minha área, mas tem um pouco do conhecimento que adquiri com o que estudei na universidade.

Há quanto tempo estás na Irlanda e como surgiu a oportunidade de deixares as terras lusas?

Estou na Irlanda há 10 meses, e vim com o objetivo de fazer um curso de inglês de 1 mês, para depois poder fazer um mestrado aqui. Fiz como muitos jovens fazem hoje em dia, percebi que o meu futuro em Portugal seria muito incerto, e que a probabilidade de arranjar um bom trabalho que me valorizasse e me fizesse crescer como profissional e como pessoa, seria quase impossível. Decidi então arriscar e vim parar a Dublin sem qualquer perspetiva, apenas um curso de inglês de um mês, e a vontade de fazer um Mestrado numa das Universidades daqui. Depois de aqui estar, foi ir atrás das ofertas de emprego, conhecer a cultura e adaptar-me às suas necessidade laborais.

Que tipo de precauções tomaste antes de rumares a Dublin?

Eu já tinha vivido fora do meu país, portanto para mim não foi totalmente novidade. Simplesmente tive a noção de que, embora as coisas estivessem melhores na Irlanda do que em Portugal, há que ter sempre os “pés assentes no chão” e não nos deixarmos iludir com o que ouvimos. Vim com a vontade de estudar e arranjar trabalho, mas sempre com a minha mente aberta para a possibilidade de não encontrar o que queria, e de uma vez mais ter que ir para outro país.

Lembras-te do momento da decisão de partir? O que foi mais difícil?

Lembro-me que decidi fazer o curso intensivo, aproveitar esse mês para conhecer a cidade e a cultura e posteriormente decidir se ficaria ou não. Mas sem dúvida que o mais difícil é sempre a família que deixamos para trás.

Como descreverias a tua primeira semana aí?

Foi uma primeira semana muito boa. Eu fiquei hospedada num hostel com muita gente jovem e foi bem mais fácil de me acostumar à cidade.

Se tivesses que definir a Irlanda (particularmente Dublin) em 3 palavras, quais escolhias?

  1. Pessoas loucas
  2. cidade  calma
  3. vida agitada

Algum choque cultural particular que queiras partilhar connosco?

Aqui as pessoas à primeira vista são mais frias do que os portugueses, mas por outro lado, são pessoas que a meu ver aproveitam bem mais o tempo que têm com atividades de lazer (shopping, jardins, passeios pelo país). Qualquer hora do dia/noite podemos encontrar qualquer lugar cheio de gente. Por vezes, parece-nos até que ninguém trabalha nesta cidade. Mas para mim o maior choque de todos é a meteorologia da cidade, conseguimos ter as quatro estações do ano em 1 hora!

Queres contar-nos alguma peripécia desde que aí chegaste?

Já me aconteceram inúmeras peripécias. Já me aconteceu ir na rua e ver as raparigas só roupa interior e uma blusa, a irem para uma discoteca, ver pessoas sozinhas a falar com postes. Muitas coisas já aconteceram em vez de contadas, têm mesmo que ser vividas.

Acreditas que o teu futuro passa por aí ou pensas refazer as malas?

Acredito que não, estou a pensar no final deste ano voltar a fazer as malas rumo a outro país. Ainda estou a estudar as opções, mas como “sou uma cidadã do Mundo”, e adapto-me muito facilmente a qualquer cultura, estou a pensar voltar a arriscar. Depois quando decidir, conto-vos!

Uma palavra aos jovens portugueses?

Sair do nosso país não é para todos, e não é porque as televisões falam que milhares de jovens rumaram a outros países que todos têm que o fazer. Não é fácil, tem momentos que dá vontade de voltar para junto da família e dos amigos, daqueles que nos compreendem e nos apoiam. Na minha opinião, sair do país só se surgir uma oportunidade que valha a pena e compense tudo o resto. No meu caso, o meu objetivo sempre foi viver noutros países, conhecer diversas culturas, porém o meu caso não tem que ser o de todos os jovens. Façam aquilo que sentem ser melhor para vocês e não se sintam pressionados pela sociedade e pelos meios de comunicação. Não é porque os políticos vos mandam sair do país, que vocês têm que sair. Força ai, estou com vocês!