Filipe Alves – Inglaterra – Londres

Filipe Alves – Inglaterra – Londres

1 – Gostaria de saber a sua idade, naturalidade

41 anos, natural de Penafiel, Portugal.

2 – Pode-nos falar um pouco sobre o seu percurso académico e profissional?.

Estudei em Penafiel, em 2008/2010 fiz um curso superior no ISMAI em informática (Desenvolvimento de Sistemas de Informação), e desde os meus 19 anos, estive sempre ligado às áreas da contabilidade e informática, na sua maior parte do tempo como empresário.

3 – Desde quando vive em Londres e por que decidiu ir?

Vivo em Londres desde 23 de Outubro de 2012 e o principal motivo de ter vindo para londres, prendeu-se com a difícil situação económica com que as pequenas e médias empresas portuguesas se deparam, sendo esses os principais clientes da minha atividade.

4 – Conhecia alguém em Londres que tenha ajudado na sua integração?

Sim. Uma pessoa da mesma cidade de onde sou natural, que sendo gerente de alguns hotéis, ajudou-me na minha integração.

5 – Ja tinha estado na cidade antes de decidir mudar-se? Como olhava para a cultura Inglesa antes de se mudar para o país?
Sim, uma vez, 2 dias. Sempre tive a ideia de serem muito rigorosos, disciplinados e conservadores dos seus valores culturais.

6 – Para si quais os pontos positivos que a Inglaterra tem enquanto país?

A imponência da sua história, aceitação da diversidade cultural e acima de tudo, as oportunidades que oferece aos estrangeiros.

7 – Foi difícil a adaptação a um novo país, a uma nova forma de estar na vida e no trabalho? Como ‘e que os Ingleses veem os emigrantes?

Não foi fácil a adaptação a um novo país. Pensei que fosse mais fácil. Tudo é diferente e temos que aprender tudo novamente, no fundo, temos de nascer novamente. O que somos e o que representamos em quanto pessoas no nosso país, de nada conta. Somos apenas mais um “Insurance Number”.
A nível profissional, certamente por ter trabalhado acima de tudo com emigrantes de outros países, achei que estava numa autêntica “selva”. Todos lutam por um lugar estável, onde tudo vale para se afirmarem.
Sendo um pais multi-cultural, penso que os ingleses “aprenderam” a aceitarem os emigrantes. Não creio contudo, que gostem de gostar disso. Penso mesmo que são muito “fechados” em relação a integrarem emigrantes em cargos de relevância e de destaque. Fiquei com a sensação que os “grandes cargos” são apenas para os ingleses. Eu próprio, não obstante ter enviado uns 100 CV para a minha área das tecnologias, não consegui sequer uma única entrevista. Mesmo que eu seja uma pessoas altamente competente e inteligente, não tive sequer a oportunidade de “mostrar” o que sei, o que fiz, ou o que poderia fazer.

8 – Tem alguma experiência caricata que nos possa contar sobre a sua mudança para o estrangeiro?

Sim. Com apenas uma semana em londres, com uma população de 10 milhões de pessoas, havia de ser em mim, em plena rua, que haveria de cair na cabeça uma pedra vinda de um edifício que estava a ser objeto de obras. Saliento o extraordinário atendimento hospitalar e a amabilidade das pessoas que estavam presentes na altura do “pequeno” acidente. Uma delas tornou-se inclusive uma amiga com quem troco mensagens e encontro-me esporadicamente.

9 – Com que frequência vem a Portugal e o que lhe faz mais saudades do nosso país?

Desde outubro fui 2 vezes a Portugal, fevereiro (3 dias) e abril (10 dias). O que sinto mais saudades… na verdade, de tudo! Aprendi a valorizar tudo o que temos e o que somos enquanto “pessoas” e país. Somo um país fantástico, genuíno, com uma qualidade de vida que não se tem em londres, com um clima ótimo, enfim, mas acima de tudo, os amigos e a família.

10 – Pensa um dia voltar a viver em Portugal?
Sim. Sem dúvida, estou a trabalhar para isso. Há coisas que o dinheiro não paga.

11 – O que aconselha aos portugueses que vivem em Portugal e encontram-se desempregados?

1) Se não tiverem oportunidade de emprego, venham, venham por oportunidades de trabalham não faltam em londres.
2) Se pensam vir para “ficarem ricos”, pensem em ficar muitos anos porque as “boas” oportunidades não deverão aparecer facilmente nos primeiros anos.
3) Antes de virem, tentem de tudo em Portugal, se calhar conseguem ser mais felizes aí com menos do que aquilo que podem ganhar noutro país.